Sabonetes Artesanais

 

Tenho percebido que muita gente é apaixonada por sabonete. E pelos artesanais mais ainda! Sabonetes artesanais são verdadeiras alquimias em forma de pedrinhas. Primeiro pelo processo de produção, que é longo e minuncioso. O conceito de precisão tem que ser aplicado com rigor de uma titulação* (para relembrar as aulas de química analítica). Calma, não precisa de tanto rigor assim, mas quase. Quem fez química ou farmácia, lembra a dificuldade que era fazer uma titulação o mais neutra possível e deixar a solução branquinha. Quando isso não acontecia, a fenolftaleína denunciava rapidamente. O becker virava um ‘suco de uva tang’ (esta parte é só para relembrar que o conhecimento que eu achava inútil na época da faculdade, se mostrou essencial. Nada foi em vão, ufa! 🙂 )

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1. Fenolftaleína como indicador de pH

Pulando a parte que não interessa aos não quimicos, quero dizer que fazer sabão requer controle de temperatura, balanças adequadas, pH dentro de uma faixa que não agrida a pele, equilíbrio de gorduras, equipamento de segurança, muito mais! É necessário ser um pouco ‘artista’ também. Parece chato, mas é uma delícia!Quem faz, sabe do que eu estou falando.

Os sabões Ewé são produzidos artesanalmente em minúsculos lotes. A seleção da matéria prima, os cálculos, o corte e a embalagem são feitos manualmente. Nenhum desses processos é automatizado. Não usamos bases glicerinadas, fazemos sabão do zero! Olha uma pequena amostra:
Após seleção dos óleos e gorduras, eles são aquecidos lentamente em banho-maria. Não pode esquentar muito para não perder as propriedades dos óleos e manteigas.
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2. Derretendo as gorduras em banho-maria

 

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3. Medindo a temperatura

 

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4. Óleos na temperatura certa, prontos para saponificar

 

Depois que os óleos estão na temperatura correta, adicionamos a lixívia. É aí que a ‘brincadeira’ começa: O que era óleo, água e soda começa a virar sabão e glicerina! A massa começa a engrossar. E chega a hora de adicionar os ativos: óleos essenciais, conservantes naturais, um pouco mais de óleo vegetal para deixar a pele macia, pós botânicos, ervas, argilas… A foto abaixo, mostra a adição de pétalas de jasmim.
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5. Saponificação 
Depois é enformar, deixar em local aquecido por 24 ou 48 horas. Após esse período, o sabão é desenformado e cortado. Vc pensa que acabou? Nada disso!! Eles ficam por no mínimo 30 dias, secando, secando, secando… vão perdendo água e estabilizando o pH. Depois deste longo período de cura, avalia-se o pH do sabão, e em caso de estar na faixa aceita,  é embalado e poderá  ser usado, comercializado ou presenteado!

 

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6. Medindo o pH

 

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7. Prontinhos!!

 

Parece com a culinária, não? Só que um pouquinho mais complexo!
Pra finalizar, queria dizer que não é a pretensão deste blog dar receitas de saboaria. Fazer sabão é uma arte que exige cuidados, uso de equipamento de proteção e muita, muita dedicação. Aos que querem se aventurar, há vários blogs específicos para isso!
Obrigada.
*titulação: técnica usada em um laboratório de química analítica quantitativa, para determinar a concentração de um reagente conhecido.
1.foto: http://cfq-blog.blogspot.com.br/2008/04/indicador-de-ph.html